O Japão, país altamente desenvolvido da Ásia com uma população de 124 milhões de pessoas, enfrenta uma queda constante na faixa jovem. Mesmo com setores dinâmicos como ações, imóveis, anime e turismo, a atenção pública está dispersa, o que diminui o interesse dos mais jovens pelo universo cripto; assim, adultos de meia-idade se tornam maioria entre os participantes do segmento.
Apesar disso, a exposição internacional e o avanço da popularidade das criptomoedas impulsionam a adoção no Japão. Até maio de 2025, o número de usuários e o volume total negociado atingiram patamares históricos.
Pontos principais: 12,41 milhões de usuários totais, predominando pessoas de classe média, entre 30 e 40 anos. O perfil é de investidores voltados para patrimônio e longo prazo, não apenas especuladores. A maioria tem renda anual abaixo de 7 milhões de ienes (cerca de 320 000 RMB). Como o Japão aplica altas taxas sobre ganhos em cripto, boa parte dos usuários mantém os ativos e espera a redução de impostos prevista para 2026.
Em 2022, o volume total de negociações à vista nas exchanges japonesas licenciadas foi de 1 trilhão de ienes (aproximadamente US$ 6,8 bilhões). Em 2023, subiu para 1,13 trilhão de ienes (US$ 7,6 bilhões), representando um crescimento anual de 13%.
Já em 2024, após a grande adoção do Bitcoin por Wall Street, o volume doméstico à vista disparou para 2,06 trilhões de ienes (US$ 14 bilhões), um salto de 82% em relação ao ano anterior. Assim, o Japão entrou definitivamente no cenário dos grandes mercados do setor.
No ambiente de negociações, o Bitcoin (BTC) responde por cerca de 70% do volume, enquanto o Ethereum (ETH) representa apenas 14%. Por isso, muitas exchanges japonesas reguladas centralizam suas campanhas de marketing em BTC. Por exemplo, anúncios de Bitcoin aparecem constantemente no TikTok.
Além disso, desde 2024, o XRP passou a ser ainda mais popular que o ETH.
12,41 milhões de usuários no mercado cripto
O número impressiona—pelo menos 12,41 milhões de usuários de cripto—mas o crescimento acelerado aconteceu apenas a partir de 2024.
Em 2022, o setor de cripto japonês somava 5,61 milhões de usuários. Em 2023, chegou a 6,46 milhões (alta de 15%). Em 2024, saltou para 9,17 milhões, o que representa aumento de 41%.
Em maio de 2025, a marca atingiu 12,419 milhões. O mercado japonês mostra uma expansão acelerada entre investidores locais, com ativos sob custódia superiores a 4,26 trilhões de ienes (aproximadamente US$ 27,5 bilhões).
Até maio de 2025, o Japão soma 12,41 milhões de usuários de cripto, cerca de 15% da população adulta nacional.
O perfil dominante é composto por pessoas de classe média, entre 30 e 40 anos, com as seguintes características:
Comportamento e motivação de investimento:
De modo geral, a base de usuários japonesa está rapidamente se tornando mainstream, com preferência clara por segurança e simplicidade.
Esse movimento faz com que equipes de projetos e exchanges priorizem parcerias duradouras com influenciadores do YouTube e X (antigo Twitter), em vez de investir na mídia tradicional. Assim, o setor cripto japonês se transformou em um ecossistema onde quase todos almejam se tornar influenciadores, pressionando ainda mais a mídia convencional.
A regulação cripto do Japão é semelhante ao modelo dos Estados Unidos, com uma estrutura de três camadas, coordenada pela FSA (Financial Services Agency), JVCEA (Japan Virtual and Crypto Assets Exchange Association) e JCBA (Japan Cryptoasset Business Association).
Por consequência, praticamente todas as empresas cripto que atuam no país são filiadas à JVCEA e à JCBA. Por exemplo, a Binance Japan declarou no Twitter ser membro oficial da JVCEA.
Para operar legalmente no Japão, qualquer exchange ou custodiante deve obter as licenças e filiações exigidas. Nos últimos anos, gestores de ativos e exchanges têm recorrido à aquisição de empresas de fachada ou estruturas similares para acessar o mercado local.
Política sobre Exchanges Offshore Não Conformes
Além das exchanges nacionais regulamentadas, várias plataformas offshore já operaram e foram promovidas no Japão, conquistando números expressivos de usuários. Os principais motivos para utilizar essas plataformas são:
Em fevereiro de 2025, essas plataformas passaram a ser alvo conjunto da FSA e do governo japonês. Foram retiradas da App Store e da Google Play locais, e influenciadores que promoviam esses serviços receberam notificações legais.
Como o Japão não restringe acesso à internet, os usuários ainda podem visitar e operar nessas plataformas offshore não regulamentadas. Parte deles mantém as operações nessas exchanges, mas a promoção local ficou muito mais discreta.
Levantamentos feitos por órgãos locais mostram que os maiores desafios para quem investe em cripto são o peso dos impostos e a dificuldade na declaração. A questão se agrava porque, para o investidor japonês comum, cripto é ferramenta de gestão de patrimônio (com foco em longo prazo), e tanto a tributação abrangente quanto a contabilidade complexa dificultam o acesso.
O conhecimento popular indica que quem compra 30 milhões de ienes em BTC numa exchange regulamentada e tem lucro, sobre o lucro, incidem 45% de imposto sobre rendimento diverso e mais 10% de imposto residencial no ano seguinte—a carga chega a cerca de 55%.
A Financial Services Agency já confirmou que os tributos sobre cripto serão revisados em 2026, igualando à alíquota dos ativos de ações, em torno de 20%.
Assim, investidores passarão a pagar até 15,315% de imposto nacional e mais 5% de imposto residencial local, sem obrigação adicional depois disso. Empresas pagam somente a taxa nacional de 15,315%, ficando livres do tributo municipal.
A expectativa é que esse novo regime entre em vigor em 2026, junto com o lançamento dos ETFs spot de BTC e XRP no Japão.
Uma das perguntas mais recorrentes é como times de projetos de fato operam no Japão e quais restrições enfrentam.
Hoje, pelo menos 20 equipes de projetos reconhecidas mantêm escritórios ou funcionários no país, mas a maioria está registrada como empresa de pesquisa e desenvolvimento ou operações, não como operação comercial completa.
Isso ocorre porque qualquer projeto que queira realizar grandes atividades de mercado no Japão—como emitir tokens para usuários japoneses ou ser listado em uma exchange local regulamentada—precisa passar pela avaliação da JVCEA (Japan Virtual and Crypto Assets Exchange Association). Comparado ao Sudeste Asiático ou Dubai, esse processo é mais exigente e caro no Japão.
Por isso, a maioria dos projetos não atua diretamente no mercado japonês. As vendas de tokens e operações são feitas por entidades offshore, como BVI, enquanto as empresas japonesas ficam restritas a contratação, pesquisa e desenvolvimento, e despesas administrativas.
Essa prática é padrão tanto para equipes japonesas quanto para estrangeiras presentes no país.
Estão presentes fisicamente no Japão, mas não miram o mercado japonês.
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